Foi em 1986 que troquei a querida “Sama” por Sampa. Do alto dos meus 18 anos, deixava a cidade dos meus primeiros amigos e amores; do Grupo, do Instituto e da Escola de Comércio; do lindo horizonte recortado pelo morro da Conquista ao cair da tarde; dos encontros de amigos no Altar da Pátria; da missa, da matinê de cinema e da banda aos domingos. Vim fazer letras na USP. Mas no começo não descartava a ideia de, ao terminar o curso, voltar. Poderia, talvez, ser professora de português, como meu pai, Toninho Lima.
Corta. Olha eu aqui, escrevendo este texto enquanto ouço a britadeira da construção ao lado do meu prédio, em plena… Pauliceia!
De lá pra cá, muita água rolou. Antes de terminar a faculdade, já comecei a trabalhar como revisora de textos, primeiro em empresas de consultoria. De onde, aliás, veio a ideia de um novo vestibular, agora pra ciências contábeis. Acabei emendando um curso no outro, também na USP. Mesmo tendo concluído, jamais segui carreira na área contábil. E não é que eu tenha me decepcionado, não: é que, nesse meio-tempo, fui fisgada pela propaganda. E trabalho em agências de publicidade desde então.
Em São Paulo ainda conheci meu marido, igualmente publicitário, e tive minha filha, uma paulistaninha fofíssima.
O tempo passa, o tempo voa, e hoje sou mezzo paulistana, mezzo são-manuelense. O bom é que amigos queridos e parte da minha família – incluindo minha mãe, Lilian, e duas de minhas cinco irmãs – ainda moram em São Manuel, e aí tenho a desculpa perfeita pra de vez em quando aparecer por lá.
A cidade está diferente, claro, mas continua acolhedora. E, descontada a atual pandemia, ainda tem a indefectível banda domingueira, que às vezes toca até The Clash pra ritmar o corre-corre da petizada ao redor do coreto. Bravo!”
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